Saúde Sexual e Reprodutiva é tema do oitavo encontro do Programa Saúde na Escola (PSE)

A Prefeitura de Aracruz, por meio das secretarias de Assistência Social (Semas), de Educação (Semed) e de Saúde (Semsa), realizou na manhã desta terça-feira (30), no auditório do Ifes, a oitava Reunião Geral do Programa Saúde na Escola (PSE), tendo como tema central, a Saúde Sexual e Reprodutiva. A enfermeira Lívia Roni Pignaton, Referência Técnica em Vigilância Epidemiológica (Semsa), iniciou os trabalhos destacando os dados epidemiológicos das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST´s) no município entre 2020 a 2025.
Segundo os dados apresentados, as hepatites virais, que são as hepatites A, B e C, por exemplo, são ocasionadas por um vírus, que pode vir a se tornar uma cirrose ou câncer. “Estamos falando de infecções sexualmente transmissíveis, como as hepatites B, C e a A, que é de transmissão fecal-oral e atualmente também podem ser consideradas IST´s. Lembrando que a B é imunoprevenível, e logo que o bebê nasce, ele precisa ser vacinado, sendo esta, uma das vacinas feitas ainda dentro do hospital. E quando a mãe é portadora, temos que ser avisados, pois existe um soro que deve ser administrado no bebê ao nascimento, para evitar a infecção dele”, explicou a enfermeira.
Ainda de acordo com Lívia, há casos de famílias mais antigas em que todos os membros tiveram hepatite B justamente porque a mãe não foi vacinada. “Essa é uma transmissão conhecida como vertical, pois ela é passada assim que o bebê nasce e depois continua. Por isso, quem é adulto e ainda não se vacinou, ainda tem tempo e basta procurar uma unidade de saúde para fazer o teste rápido. O tipo B é muito grave, e tem tratamento, mas comumente pode evoluir para o câncer de fígado, que raramente é curado”, ressaltou.
Com relação ao diagnóstico de gestantes com HIV, nos dois últimos anos foram relatados dois casos em cada ano, sendo que toda gestante portadora dessa doença precisa ser diagnosticada, até mesmo a que já é portadora antes de engravidar, pois ela precisa de acompanhamento, o que pode salvar o bebê de nascer contaminado. “Hoje em dia já temos tratamentos de HIV que deixam a pessoa indetectável, ou seja, a pessoa não transmite a doença, o que é um controle excepcional”,explicou.
Em Aracruz foram registrados 17 casos de pessoas com Aids neste ano. Já na sífilis adquirida, há dois anos foram registrados 125 casos, número este que foi reduzido para 72. Ela também é sexualmente transmissível e causada pela bactéria Treponema pallidum, que pode ser adquirida nos contatos sexuais desprotegidos e com sangue contaminado ou, em casos raros, por transfusão sanguínea.
Com relação à sífilis congênita, esta é transmitida da mãe para o bebê durante a gravidez ou no momento do parto. “Em Aracruz foram contabilizados 21 casos no ano passado, número que também foi reduzido para dez casos, o que ainda é preocupante. Por isso é importante diminuirmos as infecções em pessoas adultas normais e em gestantes, o que diminuirá nos bebês também”, disse Lívia.
Segundo os dados apresentados, com relação à sífilis em gestantes, foram registrados 55 casos por ano nos dois últimos anos. “Estes números também são bem assustadores, porém, quando ele é alto, quer dizer que estamos pegando a gestante, ou seja, ela não passou despercebida. Quem aqui trabalha em unidade de saúde sabe o quanto é difícil acompanhar uma gestante, porque ela precisa tomar três doses de penicilina e ainda acompanhar os exames de VDRL”, completou.
Saúde Sexual e Reprodutiva nas escolas
A psicóloga da Semsa, Juliana Monteiro, debateu o tema voltado às atenções nas escolas, o que ainda é considerado um tabu. “Algumas pessoas podem pensar o que esse tema tem a ver com a educação infantil. E uma das formas que temos de prevenir é tratar o assunto com as crianças para que elas possam se proteger e se cuidar, porque muitas dessas doenças que vimos podem ser adquiridas com o abuso sexual infantil. Alguns dentistas de nossa rede, por exemplo, já diagnosticaram DST na boca de crianças, ao fazer os cuidados na unidade de saúde. Por isso, temos que ajudar nossas crianças a preservar suas intimidades, seus corpos, e conseguir impor limites”.
Para a psicóloga, é dever de quem trabalha com esse público saber falar usando uma linguagem correta. “Podemos falar da saúde sexual reprodutiva nas salas de aula usando uma linguagem clara, adequada e sem tabus. Precisamos criar espaços de diálogo e escuta, valorizando a diversidade, o respeito e o cuidado, além de envolver a família no processo educativo. Nessa fase, não se fala em sexualidade no sentido adulto, mas em educação para o cuidado, respeito e autoconhecimento corporal”, falou.
Juliana deu vários exemplos ao público de como trabalhar esta questão nasala de aula, como promover a consciência corporal, ensinando o nome correto das partes do corpo, incluindo órgãos genitais, de maneira natural e sem tabu, o que ajuda a criança a se conhecer melhor e comunicar desconfortos e prevenir situações de risco. Também deve-se desenvolver o respeito aos limites, mostrando que cada pessoa tem direito ao seu espaço e ao seu corpo.
“Podemos trabalhar a importância de dizer e ouvir ‘não’ em brincadeiras de contato físico, noções de intimidade e privacidade, explicando, por exemplo, que algumas partes do corpo são íntimas e só podem ser vistas ou tocadas em situações específicas (como higiene ou atendimento de saúde, sempre por adultos de confiança), além de estimular hábitos de higiene e autocuidado, com o ensino de práticas simples como lavar as mãos, escovar os dentes, tomar banho, trocar roupas íntimas e cuidar do corpo diariamente”, completou.
Finalizando os trabalhos, a enfermeira Sabrina Maria Batista do Nascimento ainda falou sobre a saúde sexual e reprodutiva no Ensino Fundamental. Ela apresentou orientações sobre como abordar o tema. Tendo como foco as estratégias para tratar o assunto de forma adequada à faixa etária dos alunos, promovendo um ambiente acolhedor e respeitoso. Para isso, foram discutidas maneiras de facilitar o diálogo entre educadores, profissionais de saúde e estudantes, reforçando a importância da prevenção, do respeito às diferenças e do acesso a informações claras e seguras. “A integração entre escola e saúde é essencial para garantir uma educação integral e o bem-estar dos jovens”.
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