Dia da Consciência Negra: Emef Samoel Costa realiza grande cerimônia em culminância ao Projeto Comunidade de Leitores

Publicado em: 21 de novembro de 2025
Texto: Renato Lana de Faria
Imagem: Divulgação
Dia da Consciência Negra: Emef Samoel Costa realiza grande cerimônia em culminância ao Projeto Comunidade de Leitores

Aconteceu na noite desta quarta-feira (19), na Câmara Municipal de Aracruz, uma grande cerimônia em culminância ao Projeto Comunidade de Leitores da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Samoel Costa. As famílias compareceram em peso e lotaram o plenário para prestigiar as apresentações dos estudantes. Quem chegava era recebido com boas vindas em um corredor humano feito pelos funcionários da escola. Os convidados também puderam apreciar uma bela exposição da cultura afro-brasileira logo na entrada do Plenário.

A exposição retratou a culinária, os animais, a cultura, a arte e os instrumentos musicais do povo afrodescendente, tudo feito com muito zelo pelos estudantes, que capricharam em cada detalhe. “Nosso evento acontece justamente na véspera do Dia da Consciência Negra, comemorado nesta quinta-feira (20). A culminância do ‘Comunidade de Leitores’ veio de encontro com a Lei 10.639 de 01/2003, que trata da Educação das Relações Étnicos Raciais (ERER)”, disse a diretora Elisângela Pacheco dos Santos Segatto.

Ainda de acordo com a diretora da Emef Samoel Costa, o projeto teve como tema: ‘Honrar nossas raízes é afirmar nossa identidade. Viva a diferença!' “Conseguimos trazer ao palco palestra, biografias, poemas e muita música, com letras que reforçam a riqueza das diferenças e exaltam nossas origens”, falou.

A primeira atração da noite ficou com a pedagoga e a assistente educacional Lara Borges, que recitou um poema que retratou o preconceito e o racismo que muitos sofrem. “Eu tinha apenas sete anos, apenas sete anos. Quando de repente, escuto vozes na rua que gritavam: Negra! Negra! Que coisa é ser negra e me sentir negra? Como eles diziam eu retrocedi como eles queriam. Eu não sabia a triste realidade que aquilo escondia, e retrocedi. Eu odiei meus cabelos, lábios grossos, e mirei apenas na minha pele, e me retrocedi. O tempo passava e me sentia amargurada, pois carregava nas costas aquela pesada carga, e como pesava. Alisei meu cabelo, passei pó na cara, e entre as minhas montanhas, ressoava a mesma palavra: Negra! Negra! E daí? E daí? Sim, eu sou! Negra sou! A partir de hoje, não vou mais alisar meu cabelo. Negra! Como soa lindo”, dizia.

Em seguida, a Técnica Pedagógica e psicanalista Daniela Reis dialogou com a plateia sobre a Educação das Relações Étnicos Raciais (ERER). “Estamos aqui hoje celebrando esse dia tão especial com essa temática maravilhosa, que angustia, incomoda, é delicada, porém necessária. Não temos que deixar isso para depois. Que relações são essas? São relações de nossa história. Somos frutos de uma miscigenação, de uma relação de povos de várias etnias, brancos, negros, indígenas e europeus. Porém, não podemos esquecer que somos frutos de uma escravidão, de uma história muito triste, e que ao longo do tempo foi se estruturando com o racismo que está presente e está estruturado em nossa sociedade, com brincadeiras que passam desapercebidas. Agora, com uma Política Nacional, é hora de ressignificar, porque é essa palavra que edifica, que constrói e ensina. Racismo é crime”, ressaltou.

Após as falas, foi a vez das crianças darem um show. Uma a uma, as dez turmas presentes subiram ao palco para fazerem suas apresentações, recitando poemas, cantando e dançando. “A realização do evento só foi possível porque toda Comunidade Escolar se uniu. Posso afirmar que ficamos com a certeza que a mensagem foi apreendida, memórias afetivas foram construídas e corações foram tocados”, completou a diretora Elisângela.  

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