Estudantes indígenas, guerreiros e guerreiras atletas se enfrentaram na 4ª edição dos Jogos Tradicionais Indígenas

Publicado em: 22 de dezembro de 2025
Texto: Renato Lana de Faria
Imagem: Divulgação
Estudantes indígenas, guerreiros e guerreiras atletas se enfrentaram na 4ª edição dos Jogos Tradicionais Indígenas

Com o tema: “Um grito por justiça climática que ecoa da resistência dos povos da Mata Atlântica aos manguezais”, aconteceu neste último fim de semana, no pátio de festa da aldeia Tupinikim de Caieiras Velha, a 4ª edição dos Jogos Tradicionais Indígenas. O evento, que objetivou valorizar as práticas esportivas e fortalecer a identidade cultural dos povos originários, reuniu mais de 150 competidores, dentre eles estudantes das escolas indígenas de Caieiras Velha, Comboios, Irajá e Pau-brasil.

Os guerreiros e guerreiras se enfrentaram nas disputas de arco e flecha, arremesso de lança, cabo de força, corrida com tora, corrida livre, luta corporal, bodoque ao alvo, zarabatana ao alvo e seta ao alvo, além de atividades que contaram com o apoio do coletivo ('Taba oiepengatu'), estes que compõem uma equipe de treinadores e mobilizadores dos Jogos.

"Antes mesmo desta edição, nós estudamos a hipótese de realizarmos os jogos em dois momentos, um somente com os estudantes, desenvolvendo um grande circuito, e outro sem os estudantes. Porém, ainda no mês de novembro optamos em seguir uma proposta que abrangesse somente o público de 14 anos acima, deixando o circuito infanto juvenil para os próximos jogos. Neste ano tivemos oito modalidades, mas nas próximas edições, estamos com a expectativa de voltar com as competições de natação e canoagem, modalidades que não foram possíveis nesta edição", explicou o Coordenador Geral do jogos, o indígena, Jocelino Tupinikim.

Com os corpos pintados e adornados com os trajes característicos do seu povo, elementos exigidos pelo regimento dos jogos, os competidores atraíram os olhares do grande público que compareceu para prestigiar. Na edição deste ano cada atleta pôde escolher sua modalidade, com as competições sendo realizadas individualmente. No arco e flecha, por exemplo, cada atleta teve direito a três tiros cada para tentar acertar o alvo, com os cinco melhores se classificando para a final.

Durante os três dias, o evento reuniu pelo menos três presentes nas 12 aldeias do Território Tupinikim e Guarani, entre elas os povos Tupinikim, Guarani e parentes Pataxó. Além das disputas entre os atletas, o evento ainda teve muitos momentos culturais, com oficina de pintura corporal, apresentação teatral, desfile de moda ancestral e danças e cantos tradicionais, do povo Tupinikim e Guarani. Também aconteceram apresentações musicais com artistas locais e regionais, com o som de tambores e casacas.

A programação ainda reuniu intercâmbios culturais, debates e apresentações artísticas. O público pôde visitar a Feira de Biodiversidade e Artesanato Indígena, com produtos feitos por artesãos das comunidades e participar do II Fórum dos Jogos Tradicionais Indígenas, que discutiu a importância dos jogos na manutenção da cultura ancestral indígena no Espírito Santo.

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