Uma equipe de profissionais do Sebrae/ES e do Sebrae Nacional esteve em Aracruz nesta sexta-feira (08) para conhecer um projeto-piloto de apicultura nas comunidades indígenas do município. O mel de Aracruz tem ganhado destaque até no mercado internacional, sendo considerado o melhor do Brasil, e agora a Secretaria Municipal de Agricultura, em parceria com o Sebrae, o Incaper e a Fibria, está estimulando a produção também nas aldeias indígenas.

Os visitantes foram recebidos na aldeia Pau Brasil com um imponente café da manhã com produtos típicos da culinária indígena, feitos a base de milho e mandioca, e antes de conhecerem os apiários, ainda assistiram a um espetáculo de dança dos curumins e de música tupiniquim, protagonizado pelas crianças da aldeia. Potes de mel e outros subprodutos produzidos em Aracruz como o própolis vermelho, pólen e até sabonetes a base de mel e própolis, também estavam expostos para que os visitantes pudessem conhecer os produtos finalizados.

De acordo com Kleisson Musso, Gerente da Unidade de Gerenciamento e Orçamento do Sebrae Nacional, o objetivo da visita é ver de perto como o projeto de apicultura indígena, apoiado pelo órgão, funciona. "Nós também pretendemos incentivar outros profissionais a conhecerem como os projetos estão sendo executados, e ver como o dinheiro está sendo aplicado e como a vida das pessoas está mudando por conta das parcerias e do trabalho em conjunto com o Sebrae", acrescentou.

O coordenador técnico da Associação dos Apicultores de Aracruz – Apiara e vice-presidente da Federação Capixaba das Associações de Apicultores – Fecapis, Lomir José da Silva, explica que a região onde as aldeias estão localizadas é bastante propícia para a apicultura, por causa da mata nativa de Camará e também das plantações de eucalipto, ambas com excelentes floradas para a produção de mel.

Além disso, a apicultura pode ser desenvolvida como uma atividade complementar, pois não exige que o produtor abandone outro cultivo com o qual já trabalhe, como a fruticultura e o café. "O projeto de apicultura indígena ainda é um piloto. No momento, nós estamos trabalhando com três produtores em três aldeias do município. O objetivo é mostrar como a atividade pode ser rentável e assim despertar o interesse das comunidades. A partir daí, iremos capacitá-los e trazê-los para a Apiara", acrescenta o coordenador.

O diretor de Atendimento do Sebrae/ES, Ruy Dias, destacou que as ações conjuntas do Sebrae com a administração municipal têm dado excelentes resultados: "Aracruz sempre nos recebeu de braços abertos e, com isso, aqui todas as nossas parcerias viram sucesso. E isso é excelente para os produtores, mas também para o órgão, porque o trabalho dos apicultores, por exemplo, projeta também o nome do Sebrae. É graças a bons projetos como esse, e a boas parcerias como a que temos com a Prefeitura de Aracruz, que hoje o Sebrae no Espírito Santo é destaque nacional."

A própria Apiara é um exemplo dessa parceria. Com pouco mais de um ano de fundação e envolvendo cerca de 30 produtores do município, a associação já exporta mel para a Europa, e ainda este ano vai começar a fornecer o produto para a merenda das escolas municipais. Graças ao sucesso do trabalho, que começou em 2006, com a primeira reunião dos apicultores, e continuou em 2007, com a capacitação oferecida em conjunto pelo Sebrae e a Prefeitura, somente entre os anos de 2008 e 2009 já foi possível produzir e vender 30 toneladas de mel. E a trajetória de crescimento tem tudo para continuar: ainda este ano deve ser iniciada a construção da Casa do Mel, onde o mel produzido em Aracruz poderá ser beneficiado diretamente pelos produtores.

O vice-prefeito de Aracruz, Jones Cavaglieri, ressaltou a importância da organização dos produtores. "Aracruz é muito conhecido por sua indústria mas também tem uma agricultura muito forte, com mais de 1,6 mil propriedades rurais. E a apicultura tem ganhado muito destaque. Mas isso só é possível por causa da organização dos apicultores. O Poder público tem o papel de gerar as oportunidades, propiciar que os segmentos se organizem, porque isso gera emprego e renda. Mas o crescimento só é possível quando os produtores querem ser parceiros", acrescentou.

Entre os visitantes, também estava o médico cirurgião Antônio Wilson Fiorotti, que está fazendo uma pesquisa acadêmica com o objetivo de comprovar cientificamente os benefícios atribuídos pela sabedoria popular ao própolis. "O Espírito Santo possui uma das maiores biodiversidades do Brasil, mas isso precisa ser estudado. E é essa união entre poder público, o mundo científico e as associações que pode fazer isso acontecer e levar o nome do nosso Estado para o mundo", destacou.

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